Uma responsabilidade imensa,comunicar-me com um universo desconhecido por minha personalidade tímida e pacata. espero que pacientemente me entendam.

sábado, 25 de agosto de 2007

O ARTISTA

O ARTISTA

Uma revista jogada ao acaso
Sobre um tapete,
Um jornal velho se desfolhando ao vento
Um cinzeiro transbordando
Uma noite insone,
Uma garrafa de vinho vazia
Uma tela em branco
Cheia de imagens invisíveis,
Palavras inexistentes,
A dor e os prazeres da vida.

O retrato de minha cadela
Pintado a óleo,
E que nunca chegou ao segundo cio
Confirma a minha solidão
E o amor hipócrita dos homens.
O pessimismo,
O sorriso da criança morta
A vida inerte e sempre igual.

E o artista como um cego
Vê apenas o que esta no esquecimento.

O PINTOR DE AQUARIO

O PINTOR DE AQUARIO

De minha cama
Frente a janela aberta
A vida passa e fala que tudo vai muito bem
Para os maus.

Sou triste como um filme de Fassbinder.
Um quarto quente
Sufocante mofo, portas fechadas,
Pesadas cortinas
Rendadas por teias.
Uma garrafa de absinto, deitada e vazia
Sem ninguém para lavar o copo.

Tudo e desordem em minhas palavras
Somente porque não escrevo poemas.
Não me pergunte nada,
Não responderei nada

Tentei quando menino, aprender a falar.
Mas, meu impaciente professor
Desistiu de tudo e também da vida.

Minha mãe coitada
Passando carinhosas mãos em minha cabeça
Deu-me pinceis
Para, quando faminto
Pintasse os meus desejos.

Ganhei meu primeiro aquário pintando peixes coloridos.
Toda vez que tinha fome ganhava um aquário.
Os peixes, morreram todos por não saber pintar
Seus alimentos.

Hoje, o lixeiro que passa em minha rua
Levou meus quadros da parede
Sem nem ao menos dizer-me
O significado da vida.

De minha cama
Frente a janela aberta,
Passa a consciência da morte.


Delano 1999