Uma responsabilidade imensa,comunicar-me com um universo desconhecido por minha personalidade tímida e pacata. espero que pacientemente me entendam.

sábado, 15 de setembro de 2007

DO QUE EU GOSTO

Do que eu gosto
Delano
Gosto do figurativo como quem precisa conhecer pessoas, suas bondades, suas maldades. As pessoas que pinto e desenho não são numeradas, mas são tão livres quanto seu próprio silencio. Enfim, são reflexos psicológicos de personalidades insólitas, mas que me fazem companhia, me aconselham, me mantem vivo e que de alguma forma podem me matar. Se estou satisfeito com o que fiz até agora, estou insatisfeito pelo que ainda vou fazer. O artista nunca poderá se sentir realizado, a não ser quando morre de velhice. Gosto mesmo é de criar. É na criação que manipulo minha liberdade. Desenho e pinto sempre, mesmo sem o papel ou a tela que revelam a imagem, fixam seu movimento e procuram traduzir a sua linguagem, o sonho e a realidade. O sonho antes ou depois do traço, a realidade que se expande e que acompanho até círculos mais distantes,estimulando as linhas, as manchas, as dores ou sorrisos sarcásticos que encontro nos caminhos. Se um ponto, uma linha sinuosa, fraca, a mancha, a trama vigorosa modelam a expressão, na identificação com problemas existenciais, não cabe daí nenhuma obrigação de soluções que o artista nada tem a ver. Capto a forma no espaço sem direito de modificar as angustias, as alegrias debochadas ou sinceras de um mundo que não é de minha invenção.

3 comentários:

Unknown disse...

E foi sua partida repentina, hoje 27 de dezembro de 2010, que mudou o rumo da minha tarde paulistana. Inconformada, busquei na web mais notícias, maiores explicações, e dei com este blog. Uma surpresa. Há muitos anos não o vejo, há muitos anos não moro mais em Olinda. Há um mes, em um dos dias em que estive hospedada na pousada São Francisco, perambulei pelos jardins ao amanhecer,maravilhada com a luz, que vcs pintores tão bem aproveitam. Capturei com a camera o que a memória acendia. A ladeira de São Francisco, a Vila Theresita, (com placa de vende-se!)o ateliê de JC, a vista do mar. Tão distante no tempo e no espaço, vieram lembranças claras de tempos da Guaianases, da linguagem única dos seus quadros, das camisas floridas, dos óculos escuros. Me perguntei se ainda morava ali... Ah, Delano, que pena que já foi! Mas que bom que fez na vida o que mais gostava e nos dá o privilégio de tê-lo presente através da sua obra vasta e significativa. Uma marca indelével, um legado para a arte pernambucana. Teresa Benassi

Anônimo disse...

E o belo senhor se foi, mas felizmente fez o que queria fazer, criou seus seres coloridos, com suas angústias, suas alegrias...Enfim retratou o tal do ser humano com o mel e o fel que nos são peculiares.Lembro muito bem quando ele contava suas histórias, ele exercia um verdadeiro fascínio em quem o escutava, o mesmo fascínio que suas telas e seus maravilhosos desenhos provocavam. Vou sentir muita saudade, mas tenho certeza que ainda vamos nos encontrar.A dor é grande, principalmente pra Macira e Vicente, que vão sentir muita falta do magro...

Péricles Santanna disse...

um dia todos iremos, li um e-mail, muito atual, o qual se compara a uma longa viagem de trem, onde nós somos uma locomotiva e a cada estação entra pessoas em nosso convivío, outras saem rapidamente e sempre perguntamosse essa seria minha parada, mas logo o trem dá a partida e a ansiedade passa..
Tio Delano, obrigado pelo seu convívio, pelos seus ensinamentos e pelos seus ideais. Graças a Deus que pude desfrutar um pouco de sua trajetória; últimamente pelo afazeres cotidiano, nos afastamos um pouco, mais sempre sem perder o contado em pelo menos escutando sua voz, ao fone.
quantas vezes, nos reunimos ao redor da piscina,para trocarmos idéias, e desfrutarmos do clima, da paisagem, da vista de seu atelier de pintura.
Tio, sua partida repentina, foi chocante, para quem coviveu de perto com sua companhia, todos se excessão ficamos sem entender... será uma pegadinha do destino???
ficamos anestesiado até o último momento; quando o Vicente pegou sua melhor tinta e seu melhor pincel e colocou como um escudo e uma espada, como se estivesse dizendo pai, levanta daí e luta!!!
luta com o que você sabe fazer de melhor...
acordamos e olhamos pro céu, e vimos que o magro(como alguns o chamava) e mágico baluarte da pintura Brasileira, estava pintando o Céu de Azul anil, as nuvens de branco e o Sol de amarelo ouro...
agora nos resta esse imenso vazio, vazio não seu Péricles, suas obras, suas artes e suas poesias pairam pelo ar..